domingo, 1 de novembro de 2009

A 1 – As etapas do processo de investigação científica







Quivy, Raymond, Campenhoudt, Luc Van
Manual de Investigação em Ciências Sociais
Gradiva-Publicações, S.A.
5ª Edição Fevereiro de 2008


As tecnologias de informação e comunicação (TIC) têm hoje um importante papel no processo de investigação científica. São poderosas ferramentas a utilizar nas diferentes etapas processo de investigação científica, embora a sua aplicação e utilização não tenha o mesmo peso em todas as etapas.
O processo de investigação científica é composto por três actos, cuja ordem deve ser escrupulosamente respeitada e que se subdividem em sete etapas. O facto de se dever respeitar a metodologia não significa que as etapas sejam estáticas ou imóveis, elas interagem e acompanham o processo de investigação, os seus avanços e recuos.
O primeiro acto, designado por “de Ruptura” é composto por três etapas, em que a primeira é a pergunta de partida. A pergunta de partida deverá ser muito clara, exequível, ou seja, que se possa executar e, ainda, ser pertinente ou fazer sentido. “Existe um meio muito simples de se assegurar de que uma pergunta é bastante precisa. Consiste e formulá-la diante de um pequeno grupo de pessoas, evitando comentá-la ou expor o seu sentido. Cada pessoa do grupo é depois convidada a explicar como compreendeu a pergunta. A pergunta será precisa se as interpretações convergirem e corresponderem à intenção do seu autor.” pp 35 A segunda etapa é a etapa de exploração em que se realizam leituras sobre o assunto ou o tema, as quais devem ser seleccionadas, fazer uma separação do trigo do joio, ou seja, eliminar o que não interessa e utilizar métodos de resumo e de comparação sobre as leituras que devemos manter e utilizar no processo. Nesta etapa exploratória devem ser realizadas entrevistas, particularmente a peritos e a testemunhas. “Há três categorias de pessoas que podem ser interlocutores válidos. Primeiro, docentes, investigadores especializados e peritos no domínio de investigação implicado pela pergunta de partida”, pp 71 Em toda esta fase a postura deverá ser de uma atitude de escuta e aberta, ou seja, não recolher o contributo de um reconhecido especialista apenas porque, por algum motivo, não simpatizamos com a pessoa. Devemos ainda procurar “descodificar o discurso” dos nossos entrevistados, quer seja um perito que tenha uma linguagem muito técnica ou rebuscada, quer seja uma testemunha que, por exemplo, por ter pouca instrução, tenha dificuldade em expressar-se ou utilize termos muito vulgares para descrever ou relatar factos ou fenómenos que podem (e devem) ser descritos com uma linguagem mais apropriada e rigorosa. A terceira e última etapa da “Ruptura” é definir a problemática, fazer um primeiro balanço sobre os dados que recolhemos, por exemplo, se são suficientes ou, manifestamente não, e estabelecer um quadro teórico que nos permita avançar para a fase seguinte. “A problemática é a abordagem ou perspectiva teórica que se decide adoptar para tratar o problema colocado pela pergunta de partida. É uma maneira de interrogar os fenómenos estudados. Construir a sua problemática quer dizer responder à pergunta «como vou abordar este fenómeno?».”pp 104
O segundo acto é o da construção. Nesta fase devemos construir um modelo de análise, no qual vamos definir conceitos e vamos “arquitectar” hipóteses e modelos. Devemos ainda estabelecer relações entre os conceitos e entre as hipóteses. “A conceptualização é mais do que uma simples definição ou convenção terminológica. É uma construção abstracta que visa dar conta do real. Para isso não retém todos os aspectos da realidade em questão, mas somente o que exprime o essencial dessa realidade, do ponto de vista do investigador. Trata-se, portanto, de uma construção-selecção”. pp 121-122 É uma fase crucial do processo.
O terceiro e último acto é o acto da verificação que, mais ema vez, se subdivide em três etapas. Inicia-se pela etapa da observação, na qual iremos delimitar o campo de observação e, ao mesmo tempo, conceber os instrumentos para essa mesma observação e testá-los. Nesta etapa devemos continuar a recolher informação e juntá-la à que já possuímos. “A observação engloba o conjunto de operações através dos quais o modelo de análise (construído por hipótese e por conceitos) é submetido ao teste dos factos e confrontado com dados observáveis.”pp 155 Na etapa seguinte analisamos as informações : descrevemos e preparamos os dados de análise. Vamos medir as relações entre as diversas variáveis e comparamos os resultados os resultados que obtemos com aqueles que esperávamos obter. “Uma observação séria revela frequentemente outros factos além dos esperados e outras relações que não devemos negligenciar. Por conseguinte, a análise da informação tem uma segunda função : interpretar estes factos inesperados e rever ou afinar as hipóteses para que, nas conclusões, o investigador esteja em condições de sugerir aperfeiçoamentos do seu modelo de análise ou de propor pistas de reflexão e de investigação para o futuro”.pp 211 Passamos finalmente à terceira e última etapa da “Verificação”, a etapa das conclusões. Nesta etapa há que fazer uma recapitulação de todas as anteriores etapas do processo, desde a pergunta inicial, as fases do modelo construído, o campo de observação estabelecido e os métodos utilizados. Há ainda que comparar e interpretar os resultados obtidos. Por fim, realizar a apresentação desses mesmos resultados finais. “A conclusão de um trabalho de investigação social compreenderá geralmente três partes : primeiro, uma retrospectiva das grandes linhas do procedimento que foi seguido; depois, uma apresentação pormenorizada dos contributos para o conhecimento originados pelo trabalho e, finalmente, considerações de ordem prática”. pp 243





































































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